Filho de Antônio Mauricio de Sousa e de Petronilha Araújo de Sousa, Mauricio de Sousa viveu num ambiente cercado de arte, pois seu pai era poeta, compositor e pintor, e sua mãe poetisa. Sua casa sempre esteve cheia de livros, permitindo um ambiente bastante cultural. Com poucos meses de vida, Mauricio mudou-se de Santa Isabel para a vizinha Mogi das Cruzes, onde começou a desenhar cartazes e ilustrações para rádios e jornais. Queria viver profissionalmente do desenho, e para isso em 1954 começou a procurar emprego de desenhista em São Paulo, mas só conseguiu uma vaga de repórter policial na Folha da Manhã. Passou cinco anos escrevendo esse tipo de reportagem, que ilustrava com desenhos bem aceitos pelos leitores.

Mauricio de Sousa começou a desenhar histórias em quadrinhos em 18 de julho de 1959, quando uma história do Bidu, sua primeira personagem, foi aprovada pelo jornal. As tiras em quadrinhos com o cãozinho Bidu e seu dono, Franjinha, deram origem ao famoso menino de cabelos espetados Cebolinha.

Atualmente Bidu, que é o animal de estimação de Franjinha, participa tanto com seu dono como em historinhas em que é o astro principal, dialogando com outros cães e até com pedras(!). Bidu é o símbolo da empresa de Mauricio, a Mauricio de Sousa Produções. Na revistas Lostinho-Perdidinhos nos Quadrinhos e no primeiro número da revista Saiba Mais, no entanto, é revelado que a primeira criação de Mauricio foi um personagem super-herói chamado “Capitão Picolé”.

Junto dos desenhistas como Messias de Mello, Gedeone Malagola, Ely Barbosa e Júlio Shimamoto, integrou a Associação de Desenhistas de São Paulo (ADESP), que tinha como bandeira reserva de mercado e da qual Mauricio chegou a ser presidente. Com a instalação da Ditadura Militar, saiu da associação, alegando que ela estava ganhando conotação política.

Em 1963, Mauricio de Sousa criou, junto com a jornalista Lenita Miranda de Figueiredo, Tia Lenita, a Folhinha de S. Paulo. Sua personagem Mônica foi criada nesse ano. Em 1987, passou a ilustrar o recém-criado suplemento infantil d’O Estado de S. Paulo, o Estadinho, que até hoje publica tiras da Turma da Mônica.

Mauricio montou uma grande equipe de desenhistas e roteiristas, e depois de algum tempo passou a desenhar somente as histórias de Horácio, o dinossauro.

Palestrando durante o 1º Congresso de História em Quadrinhos – 1974 em Avaré
Pai de dez filhos (Maurício Spada, Mônica, Magali, Mariângela, Vanda, Valéria, Marina, Mauricio Takeda, Mauro Takeda e Marcelo Pereira), além de criar personagens baseados em seus amigos de infância, Mauricio sempre criou personagens baseados em seus filhos, tais como: Mônica, Magali, Marina, Maria Cebolinha (inspirada na Mariângela), Nimbus (em Mauro), Do Contra (em Mauricio Takeda), Vanda, Valéria, Marcelinho e Dr. Spada.

Os quadrinhos de Mauricio de Sousa têm fama internacional, tendo sido adaptados para o cinema, para a televisão e para os Vídeo-games, além de terem sido licenciados para comércio em uma série de produtos com a marca das personagens. Há inclusive o parque temático da Turma da Mônica, o Parque da Mônica, localizado em São Paulo, que fechou em fevereiro de 2010. Já existiu também o Parque da Mônica de Curitiba, aberto em 1998 e fechado em 2000, e o do Rio de Janeiro, fechado no início de 2005.

De 1970 — quando foi lançada a revista Mônica, com tiragem de 200 mil exemplares[8] — a 1986, as revistas de Mauricio foram publicadas na editora Abril, porém a partir de janeiro de 1987 foram publicadas pela editora Globo, em conjunto com os estúdios Mauricio de Sousa. Após vinte anos de editora Globo, todos os títulos da Turma da Mônica passaram, a partir de janeiro de 2007, para a multinacional Panini,[9] que detinha, na data, os direitos das publicações dos super-heróis da Marvel e DC Comics.

Alguns de seus filhos que viraram personagens passaram a trabalhar com Mauricio; Mônica é responsável pela divisão comercial de alimentos e produtos licenciados, Magali colabora como roteirista e Marina ajuda na criação de novas histórias.

Em 2007 Mauricio de Sousa foi homenageado pela escola de samba Unidos do Peruche com o enredo “Com Mauricio de Sousa a Unidos do Peruche abre alas, abre livros, abre mentes e faz sonhar”.

Em 2014 o escritor lança um livro da Turma da Mônica com temática espírita, “Meu Pequeno Evangelho”, inspirado no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, uma das cinco obras básicas do Espiritismo.

Em 2 de maio de 2016, morreu Mauricio Spada, seu filho de 44 anos.

Academia Paulista de Letras
No dia 13 de maio de 2011, Mauricio tomou posse na Academia Paulista de Letras, ocupando a cadeira 24, que anteriormente era ocupada pelo poeta Geraldo de Camargo Vidigal, tornando-se assim o primeiro quadrinista a ser empossado por esta Academia.

Personagens
Mauricio criou vários universos de personagens. Assim como a turma da Mônica, também é possível classificar esses universos como “turmas” de alguma personagem.

Turma da Mônica (1959) – a turma original de crianças protagonizada por Mônica e seus amigos Cebolinha, Cascão e Magali numa cidade do interior de São Paulo;
Turma do Chico Bento – uma turma de crianças vivendo num meio rural, típico de cidades pequenas no interior do Brasil;
Turma do Bidu – personagens são animais de estimação (cachorros, gatos, etc.), com uso pesado de metalinguagem (Bidu constantemente se envolve em diálogos com o ‘Desenhista’ da história);
Turma da Tina (1970) – adolescentes, envolvidos com faculdade, paqueras, etc. Os quadrinhos originalmente eram focados no cotidiano de Toneco e sua família, porém com o passar do tempo a irmã Tina tornou-se a protagonista junta de seus amigos;
Turma do Penadinho (1964) – Aventuras cômicas com personagens típicos de histórias de terror (como um fantasma, um vampiro, um lobisomem, uma múmia e a própria Morte), no cemitério onde moram.
Horácio (1963)- um pequeno dinossauro órfão, de grande coração. Diz-se que, através de Horácio, Mauricio expressa sua moral e ética.
Turma do Piteco (1961) – personagens adultas (mas histórias ainda infantis) numa pré-história estilizada (com homens caçando dinossauros para se alimentar, por exemplo);
Astronauta (1963)- um aventureiro espacial solitário que utiliza uma nave redonda. Note que é um astronauta brasileiro, de um fictício órgão chamado Brasa.
Turma da Mata (1963) – grupo de animais selvagens (africanos e brasileiros) antropomorfizados, vivendo num reino de um Leão. Originalmente os quadrinhos recebiam o nome do Raposão que foi o protagonista original até a chegada de personagens como Jotalhão e Rei Leonino.
Papa-Capim (1975)- um índio brasileiro ainda criança (curumim), vivendo numa taba provavelmente na Amazônia.
Boa Bola (1964) – O primeiro personagem futebolista criado por Maurício de Sousa. Era um homem esportista que só falava de futebol e posteriormente se tornou um jogador.
Niquinho (1965) – Um garoto de bom coração, porém azarado. Teve sua primeira aparição no livro “A Caixa da Bondade” e depois teve suas próprias tirinhas.
Nico Demo (1966) – um garoto sarcástico e malvado, o contrário dos outros personagens. Foi censurado por ser politicamente incorreto e esquecido por vários anos, porém retornou a fazer aparições nos quadrinhos da Turma da Mônica depois da década de 2000.
Zé Munheca – Um sujeito mesquinho e pão-duro que faz questão de não querer gastar seu dinheiro. Foi esquecido pelo próprio Maurício nos anos 70 por achar que o personagem não se encaixava com seus demais trabalhos. No entanto assim como Nico Demo retornou nos quadrinhos da Turma da Mônica depois da década de 2000.
Os 10 Ajustados (1967) – Foi uma tirinha sobre uma família composta por 10 pessoas. Durou por pouco tempo e logo se tornou um dos trabalhos esquecidos por Maurício de Sousa ainda nos anos 60.
Os Souza (1968) – Uma tirinha voltada para o público adulto sobre o trabalhador Seu Souza e seu irmão desempregado Mano. Os personagens Souza e Mano foram baseados no próprio Maurício e seu irmão já falecido Márcio Araújo de Sousa.
Turma do Pelezinho (1976) – uma outra turma de crianças com histórias sempre envolvendo o tema do Futebol com o personagem principal sendo o próprio Pelé, Edson Arantes do Nascimento. A revista circulou na década de 1970, assim como as tiras que saíam diariamente na Folha;
Dieguito – inspirada em Diego Maradona, a pedido pessoal do próprio a Mauricio, inspirado pelo sucesso de Pelezinho. Séries inteiras de tiras, destinadas ao público argentino, todavia, jamais seriam publicadas e o projeto seria congelado em razão das transferências clubísticas de Maradona e de seus problemas pessoais, estando atualmente nos arquivos da Mauricio de Sousa Produções e com a família do jogador. O personagem só seria apresentado em 2005, em uma animação para o programa televisivo que Maradona apresentava. Nela, Dieguito jogava bola com Pelezinho.
Ronaldinho Gaúcho (2005) – inspirado no também jogador de futebol Ronaldo de Assis Moreira. A revista foi lançada pelo cartunista em 28 de dezembro de 2005, em Porto Alegre, em evento que contou com a presença do craque gaúcho. O personagem tem as cores da bandeira brasileira: amarelo (camisa), verde (calção), branco (meias) e azul (chuteira), como também, a exemplo do jogador na vida real, usa um pingente com a letra R. Sua turma, que contracena com a Turma da Mônica, inclui sua mãe e os irmãos Daisy e Assis.
Ronaldo, o Fenômeno – inspirado em Ronaldo Luís Nazário de Lima, tal qual a Turma do Dieguito, as tiras de Ronaldo jamais foram publicadas.
Turma da Mônica Jovem (TMJ) (2008) – a turma original de crianças, mas eles cresceram e agora tem 15 anos, eles mudam um pouco o Cebolinha agora tem cabelo e não fala errado, a Mônica não corre atrás dos meninos com o coelhinho, a Magali não é mais a menina comilona e o Cascão toma banho. Apesar dessas diferenças eles continuam a se meter em confusões super divertidas.
Neymar Jr. (2013) – lançada recentemente e inspirada em Neymar que durante os últimos anos havia se destacado como jogador do Santos. A revista segue claramente o mesmo estilo de Pelezinho e Ronaldinho com jogadores de futebol como crianças em suas próprias turminhas.
Chico Bento Moço (CBM) (2013) – assim como a Turma da Mônica Jovem esta versão mostra o Chico Bento como um jovem de 18 anos agora enfrentando os desafios da cidade para conquistar seu emprego.

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